sábado, 20 de setembro de 2014

A mulher no contexto atual

Os papéis femininos e masculinos, assim como os espaços a que cada um deles pertenciam, sempre foram demarcados socialmente. As primeiras relações de troca mercantil conferiram ao trabalho características de força e agressividade. Estes atributos, junto com a virilidade, sempre estiveram associados à figura masculina. Antagonicamente, à figura feminina foi reservado o caráter de docilidade e de fragilidade.

O advento do Capitalismo e a necessidade de mão de obra pareciam oferecer à mulher a possibilidade de transitar nos espaços masculinos, no entanto foram necessárias muitas lutas até que a mulher conseguisse finalmente demarcar seu espaço no mundo masculino do trabalho. A ideia de que o mercado de trabalho é um lugar competitivo, onde somente os mais agressivos sobrevivem, predomina até hoje. Contudo a mulher encontrou uma maneira de expressar sua força aprimorando seus conhecimentos, por meio dos estudos.
 
Em uma sociedade onde a capacidade de ganhar dinheiro e gerir uma família é sinônimo de inteligência, talento, iniciativa, entre outros atributos, tudo o que foge desta lógica é pouco valorizado. Não se atribui valor monetário ou reconhecimento social para mulheres que se voltam apenas aos cuidados da família. Mesmo para aquelas que enfrentam o mercado de trabalho, a lógica maternal as faz apropriar-se de tudo que seja referente a cuidados.

Nem todas as mulheres podem contar com a ajuda de uma parceria para as inúmeras tarefas domésticas ou dos cuidados dos filhos, dessa maneira é bastante comum vermos mulheres que, mesmo trabalhando fora de casa e às vezes ganhando tanto quanto sua parceria, tomam para si a administração da casa, o cuidado dos filhos, dos parentes e da organização das atividades sociais da família. Dentre as incontáveis atribuições e solicitações diárias, sexo pode passar a ser mais uma das obrigações, como um dever, seguindo tradicionalmente o regimento das obrigações maritais. Diante de tanta demanda e poucas possibilidades, muitas mulheres acabam tendo suas forças e autoestima minadas. Passam a desenvolver modelos de comunicação indiretas que se manifestam através de explosões de raiva, choro fácil e depressão.




sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Sexualidade Feminina: uma breve história

Centenas de estatuetas de mulheres estão entre os achados arqueológicos datados do Período Paleolítico Superior e final da Era Glacial. A teoria mais conhecida é a de que havia uma “Grande Deusa”, que expressava o poder original do Universo e da natureza, sendo responsável pela vida e pela morte. O sexo era sagrado e não podia ser dissociado da cultura e da religião. Ainda não havia a associação entre sexo e procriação e a concepção era completa e unicamente vinculada à mulher. Este período instituído pelo matriarcado foi extinto quando a humanidade passou de uma sociedade de caça para uma sociedade agrícola e pastoril, desenvolvendo a noção de propriedade. A Grande Deusa deixa de ser cultuada e os mitos giram em torno de deuses masculinos. A civilização se torna monoteísta e os ritos judaico-cristãos consolidam o total poder masculino: o patriarcado. A mulher, que antes era figura central de organização, passa a ser propriedade do homem.

 
O sexo deixa de ser uma expressão sagrada para se tornar algo que deve ser vigiado, punido. A mulher, sob a ótica do cristianismo, é marcada pelo pecado original e toda e qualquer expressão feminina, que não seja de recato, deve ser suprimida. O ideal de mulher está na imagem de pureza e castidade difundida, tendo como ícone a figura da Mãe de Jesus, que deu à luz seu filho, sendo ela virgem.

Atualmente vivemos à sombra de uma revolução feminina, da invenção do anticoncepcional e da liberdade sexual. Porém, o que poderia hoje ser interpretado quase que como uma obsessão pelo sexo e seus prazeres, facilmente se traduz, também, em um grande abismo entre o sexo ideal e o real. A nova ordem prega a ideia de que todas podem e devem ter gozo fácil e sexo prazeroso, ou seja, aquela que foge à regra atual é tida como anormal.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Disfunção Sexual

Disfunção sexual segundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a incapacidade de uma pessoa participar da relação sexual de maneira satisfatória. Ela atinge tanto homens quanto mulheres e pode estar relacionada a fatores como o excesso ou a falta de desejo, dor durante a relação sexual ou ainda ao comprometimento do prazer.

Uma pesquisa organizada pela Dra. Carmita Abdo, Coordenadora de Estudos em Sexualidade do ProSex, mostrou o panorama da vida sexual do brasileiro. Na pesquisa foi compilada uma amostra de 7.022 indivíduos, sendo 54,6% homens e 45,4% mulheres, com idade igual ou superior a 18 anos. O estudo revelou um dado alarmante, onde 28,5% das mulheres e 18,2 % dos homens referiram alguma dificuldade sexual

 
Não há uma única origem para as disfunções sexuais. Elas ocorrem de maneira variável, podendo ser orgânica e/ou psicogênica, com tendência a variar de acordo com a idade. 

 
As disfunções sexuais podem ser classificadas em primária, secundária, generalizada ou situacional. Entendendo primária como a entidade que esteve presente desde a iniciação sexual; secundária, quando foi adquirida ao longo de uma vida sexual satisfatória; generalizada, quando apresenta-se diante de todas as parcerias ou circunstâncias; e situacional, quando ocorre em determinada parceria ou situação.



Disfunções sexuais femininas mais frequentes:
 
Desejo sexual diminuído ou em excesso (Ninfomania)
Anorgasmia - corresponde a dificuldade de atingir o orgasmo.
Dispareunia - dor relacionada ao ato sexual, podendo ocorrer antes, durante ou mesmo após o mesmo.
Vaginismo contração da musculatura vaginal, impedindo a penetração.
 
Disfunções sexuais masculinas mais frequentes:.
 Ejaculação precoce quando a ejaculação ocorre antes, durante ou logo após a penetração, de forma persistente ou recorrente, não havendo a possibilidade de ambos os parceiros aproveitem a interação sexual.
 Disfunção erétil dificuldade persistente ou recorrente de obter ou manter uma ereção até a conclusão da atividade sexual.
 Desejo sexual em excesso (Satiríase), ou diminuído.
Dispareunia - dor relacionada ao ato sexual, podendo ocorrer antes, durante ou mesmo após o mesmo.



quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O amor, o sexo e suas nuances

A partir do momento em que saímos do útero começamos a lutar por nossa existência. A sensação de conforto e saciedade existente na vida intrauterina é substituída, após o nascimento, pela sensação de desconforto que ocorre através da fome, da sede, e da dor, entre muitas outras. Saciadas ou não, estas demandas são responsáveis pela impressão, em nós, de um sentimento de descontinuidade ou falta que carregamos por toda a vida. A sensação de ser amado é o mais próximo que  podemos experimentar da simbiose materna.
  
O amor é atravessado por contradições. Ele pode dar a sensação de poder, amparo e segurança, ou a percepção de perda, abandono e dor. Estes sentimentos estariam  impressos em nossas primeiras ligações de afeto. Na tentativa de tornar o amor um lugar seguro, o homem cria mecanismos para contê-lo e domesticá-lo. Estes recursos se expressam através dos rituais de passagem que demarcam os compromissos assumidos pelo casal, fazendo com que o amor passe a ser instituído por regras e horários preestabelecidos. Mesmo que haja algum sentimento de sujeição e perda, este é suprimido pela sensação de segurança que os compromissos assumidos e os projetos em comum fornecem.

Inversamente ao amor, a sexualidade e seu componente erótico precisam do imprevisível. Emoção, adrenalina e riscos são fatores que estariam ligados ao desejo e ao erotismo. Enquanto que no erotismo os componentes são de expansão, no amor a necessidade é de controle e fusão.

É bastante comum vermos casais colocando a rotina como danosa à relação sexual e do casal como um todo. Depois de um tempo a excitação que havia da incerteza e da necessidade da conquista deixa de existir para dar lugar ao que é certo e está ali sem que se busque. O amor encontra a segurança e o conforto tão desejados, mas sucumbe quando o desejo entra em conflito com o hábito e a repetição, que se esvai junto com o previsível.

No  contexto atual é possível observar que o espaço para o cortejo e o ritual do acasalamento, com suas sutilezas permeadas pelo sentimento de amor, estão sendo suprimidas. Vemos homens e mulheres medindo forças. Eles buscando restituir o poder masculino e elas tentando suprimir os anos de submissão. Observamos jovens tendo suas primeiras experiências sexuais cada vez mais cedo, sem ao menos terem tocado o próprio corpo antes para conhecê-lo.  A nova ordem prega o prazer imediato e a qualquer custo, de maneira alienada. Neste contexto hedonista, os laços humanos se tornam fluidos, frágeis e descartáveis.

Workshop


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A dimensão do desejo feminino

Uma das fantasias que permeia o senso comum é a de que a mulher usa de “artifícios” para justificar a fuga sexual. Entre as prováveis estratégias encontramos a simulação do sono e a dor de cabeça, configurada como enxaqueca. Estas imagens são resquícios da moral patriarcal e são de tal maneira banalizadas que alguns homens não acreditam que elas possam ser reais.

 Para muitas mulheres a palavra sexo pode ser sinônimo de pecado, medo, violência, abandono, dor e algumas vezes prazer. Isto se deve ao fato de que a sexualidade sempre esteve carregada de significados simbólicos, que se modificam de acordo com o contexto histórico. Ao longo dos tempos homens e mulheres apreenderam sua sexualidade de maneira muito distinta. Enquanto que para eles sexo pode ser sinônimo de prova de virilidade e potência, para elas pode se resumir a um ato de rendição, onde o mais forte prevalece. 
 
Se a sexualidade sempre esteve atrelada a poder e dominação não é difícil supor que o ato sexual se traduza em sujeição e algumas mulheres vão para cama da mesma maneira que iriam para um campo de batalha, armadas. Isto é completamente contraditório ao que pede o ato sexual. Nele é necessário que nos revelemos vulneráveis diante do outro para que possamos ser penetradas emocionalmente.
 
Diferente do homem, a mulher precisa de um tempo refratário maior para aquecer e desejar ter relação sexual. Para elas o sexo satisfatório pode ser traduzido muito mais concentrado no carinho que na penetração. Aspectos psicológicos, sociais, físicos, farmacológicos, hormonais e muitos outros podem ser responsáveis por afetar a dimensão do desejo feminino, comprometendo o ato sexual.


domingo, 27 de julho de 2014

Dia do orgasmo


Olá!

Muito prazer, hoje é o dia do orgasmo! Nesta data simbólica inauguro este espaço e convido a todos a refletir a respeito do amor e do erotismo em suas relações.

Orgasmo, a pequena e doce morte



O atrito da pele, a troca de fluidos, os odores primitivos. Os pelos eriçados como que despertados pelo calor lascivo que invade todo o corpo. O coração se inunda e deságua em resposta ao desejo. A fronteira da pele é atravessada por sensações difusas. A mente entra em um completo desconcerto, quase um transe, e substâncias como a endorfina, serotonina, oxitocina entre outras secretam o prazer traduzido por meio de espasmos e  convulsão.

Na impossibilidade de defini-lo, as palavras soam como gemidos, a respiração se torna ofegante e os olhos se comprimem na vã tentativa de reter a magia do momento.

O orgasmo, ou como os franceses charmosamente o denominam "la petite mort", é uma aventura única, subjetiva e pessoal que pode ser apreendido como uma quimera ou ainda um retorno à Terra do Nunca.