Centenas de estatuetas de
mulheres estão entre os achados arqueológicos datados do Período
Paleolítico Superior e final da Era Glacial. A teoria mais conhecida
é a de que havia uma “Grande Deusa”, que expressava o poder
original do Universo e da natureza, sendo responsável pela vida e
pela morte. O sexo era sagrado e não podia ser dissociado da cultura
e da religião. Ainda não havia a associação entre sexo e
procriação e a concepção era completa e unicamente vinculada à
mulher. Este período instituído pelo matriarcado foi extinto quando
a humanidade passou de uma sociedade de caça para uma sociedade
agrícola e pastoril, desenvolvendo a noção de propriedade. A
Grande Deusa deixa de ser cultuada e os mitos giram em torno de
deuses masculinos. A civilização se torna monoteísta e os ritos
judaico-cristãos consolidam o total poder masculino: o patriarcado.
A mulher, que antes era figura central de organização, passa a ser
propriedade do homem.
O sexo deixa de ser uma
expressão sagrada para se tornar algo que deve ser vigiado, punido.
A mulher, sob a ótica do cristianismo, é marcada pelo pecado
original e toda e qualquer expressão feminina, que não seja de
recato, deve ser suprimida. O ideal de mulher está na imagem de
pureza e castidade difundida, tendo como ícone a figura da Mãe de
Jesus, que deu à luz seu filho, sendo ela virgem.
Atualmente vivemos à sombra
de uma revolução feminina, da invenção do anticoncepcional e da
liberdade sexual. Porém, o que poderia hoje ser interpretado quase
que como uma obsessão pelo sexo e seus prazeres, facilmente se
traduz, também, em um grande abismo entre o sexo ideal e o real. A
nova ordem prega a ideia de que todas podem e devem ter gozo fácil e
sexo prazeroso, ou seja, aquela que foge à regra atual é tida como
anormal.
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